Aconteceu comigo e provavelmente aconteceu convosco também.
Todos temos amigos com quem estamos frequentemente e outros que apesar de próximos emocionalmente, estão afastados fisicamente. Moramos longe. Ou moramos perto mas não nos cruzamos no dia-a-dia. No fundo sabemos que basta um pequeno esforço e podemos estar juntos, se quisermos ou se fizer falta. Damos por garantido que se tiver mesmo de ser, estaremos juntos porque reconhecemos essa possibilidade.
E eis que chega o covid...
E de repente dei por mim afastado de toda a gente por tempo indeterminado e... pior ainda, com a nítida ideia de que aquela possibilidade de ir ter com amigos que não vejo há tempo me tinha sido tirada.
Bem sei que há livros de "como ser bem sucedido" que nos sugerem que nos tornemos máquinas frias e calculistas ao ponto de listar e classificar todas as pessoas da nossa esfera pessoal para depois estabelecer (e manter registo) das formas e frequência de contacto.
Amigos próximos: presencialmente uma vez por semana
Amigos intermédios: Por telefone uma vez por mês, etc...
Pois não é nada disto que eu sugiro mas talvez agora depois desta situação (falo como se tivesse terminado, sabendo que ainda não terminou) ache boa ideia manter mesmo as coisas em dia. Há encontros adiados há anos, cafés pendentes, telefonemas que não se fizeram.
Eu até tenho o hábito de ir dando sinais de vida e ir mantendo contacto com os amigos mas certamente que estou em falta com alguns.
A pandemia não fez mais do que dar uma razão para pensar que o ditado "Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje" também deve ter aplicação nas relações de amizade.
RMach