Um conto espacial (Parte 11)

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-PARTE 11-

15 de Fevereiro

A jornada de trabalho chegou ao fim e a tripulação junta-se na sala de convívio. É um módulo parecido com os outros mas sem equipamento de trabalho. À semelhança da copa, é passível de simulação de gravidade. Não tanta como na Terra, mas alguma. O modo de gravidade pode ser activado por algumas horas, o que dá jeito para uma ou outra partida de snooker, mas uma vez esgotado demora cerca de 100 horas a recarregar. É utilizado com parcimónia quase sempre na copa e raramente na sala de convívio.

YY revela uma má notícia que recebeu momentos antes: "Morreu um primo meu. É de uma parte da família mais afastada mas passámos muito tempo juntos durante a infância. Na rua onde ele mora, só em duas casas não morreu ninguém. Todas as outras, e não são poucas, tiveram já pelo menos um óbito."

Arwa também surge abatida. Soube da morte de 3 amigas dos tempos de faculdade.

Bogdan mostra-se aliviado e surpreendido. Não tem conhecimento de baixas entre familiares ou amigos apesar de Moscovo ser uma das cidades com mais mortes reportadas.

A moral está em baixo. Todos falaram com os familiares durante o dia mas ninguém trouxe notícias animadoras.

Richard aproveita para consultar as redes sociais.

"A Organização Mundial de Saúde vai fazer uma comunicação amanhã. Acham que vão só fazer o ponto da situação ou haverá algum anuncio especial?" - questiona Daniel.

Kenna: "Calhava bem um anúncio sobre aspectos relacionados com o vírus e informação nova sobre como o abrandar."

Idrissa que tinha estado em silêncio a consultar o tablet, diz: "Já há números adiantados pela OMS. Óbitos confirmados: 252 mil."

Kenna: "Que horror. Isto surgiu há menos de uma semana! Falam em estimativas?"

Idrissa: "Não. Só confirmações. E obviamente os números são muito conservadores. A prioridade é salvar vidas e não contar os mortos. As coisas estão mesmo complicadas."

Arwa: "É galopante. Não dá tempo para estudar o vírus nem para pôr nada em prática."

Richard: "Os EUAN decretaram confinamento total e já cá está um destes famosos das redes sociais a dizer que ninguém manda nele e que vai lutar pela sua liberdade."

Daniel: "E luta mesmo. Vocês têm a população toda armada!"

"Mas agora já não há armas de assalto para venda ao público. Só coisinhas mais ligeiras." - disse Richard. - "É claro que nem todas foram devolvidas..."

Idrissa: "Lembro-me de ler que só cerca de metade foram entregues. Foi mesmo assim?

"A estimativa é mais optimista que isso. Aponta para cerca de 70% das armas entregues voluntariamente." - respondeu Richard. - "A recompensa era muito apelativa, o que ajudou bastante. Dependia do calibre da arma mas as recompensas começavam em 100 GunCoin. Na minha opinião correu bem. De outra forma não teriam entregue nem 10%."

Bogdan: "Hora da culinária. Quem é o meu ajudante hoje?"


imagem: pixabay.com