Um conto espacial (Parte 13)

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-PARTE 13-

17 de Fevereiro
Reunião com o Comando da Missão

Comando: "Bom dia, tripulação. Como vai o trabalho por aí?"

Bogdan: "Quase tudo bem, algumas tarefas atrasadas mas as principais estão a correr bem. Mas não é fácil concentrarmo-nos sabendo o que se passa aí. O que há de novo?"

Comando: "Quanto ao vosso trabalho, enviaremos já de seguida novas directrizes que vão no sentido de se focarem na parte principal da missão e deixarem cair experiências acessórias."

Bogdan: "Vejo isso com bons olhos mas a que se deve essa decisão?"

Comando: "Para já não significa nada, não façam suposições mas honestamente pensámos que na eventualidade de ser preciso encurtar a missão é melhor que tenham algumas tarefas concluídas. Há ensaios que não dependem de vós porque requerem naturalmente algum tempo, mas há outros que é possível acelerar se não estiverem dispersos noutras tarefas."

Richard: "Compreendo. Estão a colocar todas as hipóteses em cima da mesa. Aguardamos as novas directrizes. Mas como estão as coisas por aí?"

Comando: "As novidades são maioritariamente más, talvez só com uma possível boa notícia. O ponto da situação é terrível, 600 mil mortos e a OMS diz que a estimativa ronda o dobro. No capítulo de potenciais boas notícias, a equipa da Sibéria comunicou que numa jogada de sorte parecem ter feito descobertas relevantes logo nos primeiros testes. Acham que conseguem inactivar, ou pelo menos atrasar muito a actuação do vírus no organismo."

Kenna: "Usando medicamentos correntes?"

Comando: "Usando uma versão alterada de coisas já existentes. Não é difícil de produzir. Mantém-se o problema de não se saber quem está infectado. Distribuir medicamentos para toda a população tomar preventivamente é impossível."

Idrissa: "A nível global, há padrões de incidência? Já todos os países foram afectados?"

Comando: "Não há padrões. É tão rápido que não se conseguiu estudar e identificar padrões. Já está em todos os países. Quer dizer... todos menos um."

YY: "Deixem-me adivinhar. É um país que faz fronteira com o meu!"

Bogdan: "E com o meu!"

"Correcto. Como conseguiram adivinhar?" - respondeu o porta-voz do Comando com aparente boa disposição, enquanto se ouviam risos por trás.


As notícias eram um agravamento do dia anterior com poucas variações. Descobertas que pudessem ajudar a melhorar a situação eram incipientes ou impossíveis de implementar, dado as condições caóticas presentes um pouco por todo o lado.

Os dias sucediam-se e as contagens também.
A 18 de Fevereiro havia já 750 mil mortos.
19 de Fevereiro: 1 milhão.
20 de Fevereiro: 1,3 milhões.
21 de Fevereiro: 1,8 milhões.
A 22 de Fevereiro a OMS, em comunicado, reiterou que é impossível contar as baixas. Os números oficiais só incluem a pequena parte que é possível actualizar. O cocktail de medicamentos cujos testes promissores foram efectuados pela equipa da Sibéria vão começar a ser administrados imediatamente.
23 de Fevereiro: 2,7 milhões.
24 de Fevereiro: 3,4 milhões.
25 de Fevereiro: 4,7 milhões.


imagem: pixabay.com