Diário de Quarentena #1

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Dias tensos, um novo inimigo invisível chegou.

Lutamos diariamente contra esses inimigos, dos mais diversos, fungos, bactérias, vírus, protozoários, diversas vezes se aproveitam da oportunidade para sobreviver e perpetuar suas descendências.

Nada novo até então, o que tem de diferente?

Agora estamos diante de um novo organismo, que é transmitido por seres humanos com muita facilidade, e que tem potencial alto de infecção na nossa espécie.

O coronavírus, mais especificamente esse novo espécime SARS-CoV-2, a partir de uma mutação, se disseminou rápido e de forma muito danosa para nosso organismo.

Culturalmente é muito comum o termo "virose", um termo generalista, caracterizam quadros de febre, mal estar, diarreia, dor no corpo, coriza, tosses, etc. Na maioria das vezes são espécies de vírus comuns do nosso meio, que se aproveitam de alguma brecha, e gera uma resposta global do nosso sistema autoimune. Causam também "resfriados", que incomoda mas dificilmente evolui para casos graves.

Já a "gripe" são quadros mais graves, que geram uma intensa resposta do corpo. Causa uma incapacidade importante, marcado por muitos sintomas respiratórios, febre alta, dor no corpo, podendo evoluir com maior frequência para casos mais graves, principalmente grupos de risco (idosos e imunocomprometidos). Causados por vírus de maior tropismo pelo sistema respiratório, a família ortomixovírus, e seus diversos subtipos influenzavirus. Mesmo sendo pior para grupos de risco, qualquer um pode se infectar, e o destino é do mais variado, corpo não é número.

Quem acompanha mais essa diferenciação é quem trabalha na saúde, e quem sofre desses quadros. Nossa época só viu em larga escala dos vírus de tropismo respiratório, a gripe suína ( influenza A -H1N1). Eu mesmo trabalhava com terapia intensiva na época e vi muitos casos.

Mas agora é diferente, a transmissão é maior e o vírus mais virulento.

Podem criar qualquer teoria da conspiração, e negar o quanto quiser, mas quem vive isso sofrerá na pele as consequências do genocídio que se anuncia no Brasil.

Não terá economia sem gente para trabalhar, por mais que não tenha alta letalidade na população geral, o quadro incapacita ao trabalho, pelo menos 10 a 15 dias. Como também quando começar acumular corpos nos hospitais, funerárias, pessoas não conseguindo enterrar seus familiares, lutos e suas consequências. Pessoas não conseguindo ser atendidas. Mortes em casa. Bombeiros não conseguindo responder as demandas. Polícia passa a ter medidas mais duras. Conflitos. Isso desperta intensos sentimentos, e pode ser ainda pior para economia.

Lembrando que é uma doença nova, em meio a muitas doenças antigas, o sistema de saúde já é muito utilizado normalmente. E o SUS, com seu subfinanciamento, certamente já tinha dificuldade para dar conta da demanda endêmica.

O sistema de saúde pública e privada não tem estrutura para receber quadros que demandam internação, nem na enfermaria, nem em UTI's. Por isso estão sendo construídos hospitais de campanha pelo Brasil todo.

É muito caso, ao mesmo tempo.

A ideia de isolamento - que não é, mas pode evoluir para o lockdown - é para mitigar a incidência, ou seja, que os casos novos não atinjam grande proporção da população ao mesmo tempo.

Isso gera um tempo de resposta, de se preparar para o que virá, e poder se prevenir do que é previsível. Diminuir danos.

Cabe a união do pacto federativo se organizar, e ter direções claras sobre as decisões. Mas o Governo Federal brasileiro é um atraso secular.

O Ministério da Saúde é muito bom,e o Mandetta que coordena a pasta, também está fazendo sua parte. Posiciona-se institucionalmente,representando o discurso técnico do Ministério da Saúde.

Mesmo evitando atritos diretos com discurso político presidencial, solta alguns espinhos de vez em quando.

No fim quem puder fique em casa. Quem não puder, tome todos os cuidados possíveis.

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Não sejamos uma nova Itália, que no início não levou muito a sério essa doença e agora está como está.

Exatamente...