A esquerda te censura por dizer a verdade

in #brasillast year

O discurso de criminalização das fake news está se tornando cada vez comum, o que não me preocuparia, se não viesse do lado mais mentiroso do debate político. É mais comum ouvir “notícias falsas” que bom dia em grandes jornais, rádios e demais mídias de comunicação, o que me gera, diga-se de passagem, um senso de alerta. Por que, depois de tantas décadas de jornalismo hegemônico, de repente esta pauta que é aparentemente importantíssima, só veio a deixar de ser um tabu nos últimos anos? E pior: de uma forma tão assombrosamente inorgânica, para dizer o mínimo. Não se enganem, achar tudo isso ao menos curioso, está muito longe de ser uma “teoria da conspiração da extrema-direita” ou qualquer que seja o nome que estão atribuindo a este pensamento atualmente. É razoável e eu diria até crítico questionar todo este lobby em massa contra a dita “desinformação”, por incontáveis razões, porém por serem tão fáceis de serem percebidas, por estarem tão na cara da população, não é tão complicado listar algumas delas.

A começar pela maior delas: o duplo padrão. Fake news é comumente definida como uma notícia falaciosa, o que, a primeiro momento, parece uma afirmação correta, justa. Isso até ser confrontada com notícias falaciosas por parte dos que acusa, de quem afirma que elas existem. Nem preciso dizer quem são, em que partido votam e de que lado estão no debate, está no título do texto caso ainda lhe resta alguma dúvida. Não são poucas as noticias caluniosas, distorcidas, enganadoras, escritas por charlatões que se dizem comprometidos com a informação, porém com atitudes de alguém que muito provavelmente comprou o diploma de jornalismo. Sem pesquisar muito, posso citar aqui, por exemplo, a fake news que mais enraiveceu a população mais desfavorecida, como se um tapa fora dado na face de cada cidadão brasileiro, mesmo após tanto sofrimento causado pela pandemia: o fique em casa “se puder”.

Todos se lembram de como foram os períodos de maior contágio do vírus: incerteza, medo e, principalmente, disputa pelo direito de não somente opinar, mas decidir como seria o dia a dia do povo. De início, essa resposta não era tão clara, mas logo os primeiros comércios começaram a fechar e os serviços “não essenciais” tiveram maior prejuízo. Indivíduos pacíficos eram presos por estarem caminhando numa praia vazia, enquanto os âncoras dos noticiários agiam com desdém e indiferença do povo sendo tratado como marginais. Impossível não se recordar do infame “o choro é livre”, dito pela Maju Coutinho, ao vivo, durante uma transmissão cotidiana do Jornal Hoje. Isso era visto como normal, nós éramos obrigados a ficar em nossas casas, sem direito a abrir comércios, enquanto o pessoal da grande mídia, do establishment, tinha seus gordos salários de PJ em dia. Assim como eles, nossas dívidas e, é claro, impostos, também não tiravam folga.

Porém, é claro, como nojentos que são, logo logo reescreveriam a história e, durante as entrevistas com os candidatos das eleições de 2022, o lockdown, de repente, nunca havia existido. Pequenas lojas de São Paulo haviam sido soldadas pelas autoridades, o próprio Fantástico filmou a fiscalização multando famílias que não estavam fazendo nada mais do que garantir o pouco sustento que podiam, mas de uma hora pra outra, o “quarentenem-se” com queijos e vinhos de Vera Magalhães, não passava de um delírio coletivo, um efeito Mandela que afetara mais de 200 milhões de pessoas. Nós vimos eles mesmos noticiarem cada cidade que havia decretado o fechamento geral de absolutamente tudo, nós vimos a Folha ditar cada serviço considerado “não-essencial” tendo que se segurar no que conseguisse para não falir, nós vimos pais e mães de família aos prantos tendo que entregar suas últimas economias a funcionários públicos que os impediam de se manter por conta própria, mas eles afirmaram, com a maior cara de pau, que nós não vimos nada do que claramente vimos.

Se ainda não te deixei furioso o suficiente, gostaria de lembrar, também, da época em que era considerado um crime afirmar que as “vacinas” da Covid-19 (que de vacina não tinham nada, afinal não existe vacina feita com RNA) não eram 100% eficazes. O Butantan havia garantido: sequer precisaríamos de uma segunda dose, inclusive em casos mais graves da doença. Em que dose estamos? Quarta, quinta? Mais vergonhoso que relembrar que o que deveria ser um dos mais prestigiadas e conceituadas instituições de saúde do país falhou miseravelmente em serem transparentes com a verdade, é relembrar que esta ipsis litteris mentira, não foi devidamente checada pelos autoproclamados fact checkers e, por óbvio, ainda estão disponíveis no portal oficial do Butantan. Comunicadores da direita bolsonarista tiveram suas redes sociais desmonetizadas ou até retidas por muito menos.

Falando em contas retidas, não posso deixar de recapitular também, a época em que canais no YouTube e perfis no Twitter e no Instagram recebiam um flag por não afirmar, mas apenas cogitar a hipótese da origem da pandemia ter vindo de algum laboratório chinês, afinal haviam evidências claras de que isso era possível, alguns pesquisadores menos relevantes para o establishment chegavam até a afirmar que era a mais provável história devido a quantidade imensa de “coincidências” ignoradas pelos grandes influenciadores da área, tanto é que, oh, mas que surpresa, um relatório recente do FBI, citado numa entrevista à Fox News e posteriormente publicado pela conta oficial do órgão no Twitter, resolveu trazer esse assunto que anteriormente era banido do debate à tona: o vírus saiu de algum laboratório de Wuhan. Uma teoria da conspiração, um absurdo, um assunto indiscutivelmente falso, sem qualquer evidências ou documentos oficiais que pudessem levantar sequer alguma espécie de suspeita por parte do povão, por obra do destino, acaso ou karma, era apenas uma das verdades que foram abafadas pela elite. O motivo nós não sabemos, mas essa galera é capaz de absolutamente tudo pelo poder. Não quero colocar um chapéu de alumínio na cabeça de ninguém, mas não tiro a razão de quem usa.

Encerrando esta pauta, vamos voltar ao nosso pequenino país continental. Que outras das mil e uma notícias falsas que nasceram em território tupiniquim poderíamos citar? O complô do Intercept com a mentira de Mariana Ferrer? O William Bonner exclamando em rede nacional que Lula não deve nada à justiça? As várias e várias vezes que Anitta, Felipe Neto, Castanhari e toda a classe artística do país disseram que não existem provas de corrupção contra o atual presidente e o PT? A invenção de uma cidade perdida dos nossos antepassados chamada Ratanabá? A mais recente, envolvendo joias que não passavam de presentes a serem incorporados ao acervo presidencial? Não acho que seja necessário citar nenhuma delas, deixo para que os leitores relembrem sozinhos, pois como dito mais acima, não é nada difícil citar duas, três ou quinze desinformações da esquerda que nunca sofreram retaliação e outras setenta ditas mentiras do outro lado do muro de Berlim, que mesmo se provando verdade com tempo, nunca tiveram restituição pelas punições injustas que sofreram e ainda sofrem.

A “checagem de notícias falsas” não passa de um pseudo-jornalismo. Uma análise preguiçosa, por diversas vezes falha, como quando enumerou termos considerados racistas mesmo sem qualquer origem de cunho racial, quando disse não haver estudos que comprovem a vantagem fisiológica de atletas trans em esportes femininos, ou quando atestava a baixa popularidade do único candidato à presidência que lotava e era bem recebido pelo povo em qualquer cidade em que se encontrava, só existe para ocupar um espaço vago e improdutivo, em que pessoas vazias e improdutivas recebem para verificar a veracidade de memes, enquanto fazem vista grossa para campanhas inteiras de ataques e disseminação de ódio na internet financiadas por grandes nomes da esquerda midiática (como André Janones e Bruno Sartori) com base em distorções da realidade e, muitas das vezes, mentiras deslavadas.

Mesmo sendo breve, espero tem elucidado um pouco a razão da esquerda levantar a bandeira da criminalização de notícias falsas com tanta paixão. Os mesmos que não há muito bradavam “é proibido proibir” e que “não existe verdade absoluta”, hoje se denominam como bastiões da única e verdadeira verdade, ditam a todos o que deve ou não ser dito, agem como acusadores, juízes e carrascos com a oposição, mas são lerdos e levianos em casos graves, mas que corroboram com sua agenda política. Vimos recentemente a Unesco chamando nada mais que Felipe Neto como um peão chave num possível Ministério da Verdade do Brasil, o cara que durante as eleições americanas mais recentes, afirmou que favoreceria um candidato específico se trabalhasse em algum veículo de mídia, deixando de publicar uma verdade que pudesse comprometer a imagem deste candidato e, não por acaso, foi repreendido por Glenn Greenwald. Se alguma vez essa laia chegou a ler algumas páginas da obra de Orwell, não duvido que viram nas suas principais obras, não uma crítica satírica ao autoritarismo e à censura, mas sim um manual de instruções.