Medicamentos extremamente fortes tomados de forma indiscriminada por conta de uma crença quase religiosa em sua eficácia contra uma infecção viral. Não podia dar algo muito diferente disso. Mas pelo menos cumpre o que promete no sentido de "o paciente não morrerá de COVID", pois a cirrose o matará antes.
A única "evidência" da eficácia desses medicamentos se dá por conta da estatística mal feita. Ano passado quando a Hidroxicloroquina foi anunciada pela primeira vez citando um estudo, me espantou a aberração estatística que usaram para provar sua eficácia(antes do abuso de falácias pessoais do tipo "a imprensa só é contra porque o presidente encontrou a cura"). Relataram que após testar em 5 pacientes com COVID em estado grave, todos os 3 pacientes que sobreviveram não vieram à óbito, o que dá uma taxa de cura de 100% dos que sobrevivem à doença.
Acho que não preciso explicar o tamanho dessa aberração de março do ano passado, mas no momento eu estava torcendo para que pelo menos funcionasse de alguma forma e que vissem isso em estudos sérios. Uma pena que no final não passou de placebo. Estudos sérios posteriores constataram nenhum efeito na redução da intensidade da COVID porém com possibilidade dos efeitos colaterais agravarem o quadro do paciente, aumentando o risco de morte por COVID.
Mas para os "Chloroquiners" isso não era válido, pois a essa altura se tratava de uma conspiração contra o presidente, com eles usando diversos casos anedóticos espalhados por aplicativos de mensagem da mesma forma que a narrativa do "primo do porteiro que morreu trocando pneu de caminhão". Tirando o fato dessas narrativas não possuírem qualquer fonte confiável, elas esquecem do fato de que a COVID possui uma taxa de mortalidade abaixo dos 10% dos casos, o que faz com que haja mais de 90% de chance de sobrevivência do paciente independente de se tratar com hidroxicloroquina ou com balas de goma de ursinho.
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