The Bitcoin Pharaoh and the battle over truth in Brazil’s crypto scene [EN/PT]

in Hive Learnersyesterday
Se preferir ler esse conteúdo em Português, clique aqui.

$1


[EN]

“History is told by the victors.” That sentence has haunted me since the first time I heard it — and the more time passes, the more sense it makes. We grow up believing in neatly packaged, pre-digested versions of events. It’s like that in politics, culture, economics, and even everyday life. The problem is, when only one side has a voice, the other disappears. And what remains is a skewed, often manipulated story. When I think about that, one recent case immediately comes to mind: that of the so-called Pharaoh of Bitcoins, Glaidson Acácio dos Santos.

I’m not here to defend anyone, but I also can’t ignore how narratives are built and shaped by those who have the power to tell them. Glaidson’s story is almost a textbook example of that. From waiter to “crypto king” of the Região dos Lagos, he became a national headline in 2021, when the Federal Police launched Operation Kryptos. It’s a case I’ve been covering journalistically for over four years. I have my own personal opinion about it — and that’s what I’m going to share here today.

The news coverage — and here I include myself as a journalist, relying on official sources — was unanimous in labeling him a scammer who deceived thousands of people and moved billions of reais in a fraudulent scheme involving the crypto market in Brazil. And yes, there are proofs, indictments, and lawsuits. But between the behind-the-scenes details and the official versions, there’s a space almost no one dares to look at: public perception — and here, I include myself as Letycia, still a journalist, but one with her own opinion.

Because while the media demonized him, many people in Cabo Frio and nearby towns continued to see him as a benefactor. And it wasn’t out of naivety. The man funded donations, sponsored churches, handed out food baskets, and even helped many locals buy homes. It wasn’t one or two people saying this — it was hundreds. Of course, that doesn’t erase whatever wrongs he may have committed, but it shows something that rarely makes headlines: how stories, when told from the outside, lose their nuance.

When I started paying closer attention to the case, I noticed that the media narrative followed the classic script of a ready-made villain. I had to follow that script too, to be honest. He was the “pharaoh,” the “scammer,” the “deceiver of the masses.” None of those words are neutral — they all carry judgment, and judgment comes before understanding. What’s curious is that, meanwhile, the traditional financial market, with its pyramid schemes disguised as “safe” investments, rarely faces the same kind of attack. Banks collapse, brokers fail, investors lose everything… yet the narrative is always softer.

It makes me think that the “victor” in modern history might no longer be the general or the politician, but whoever has the power to shape public opinion — and in that sense, the media and the financial system walk hand in hand. Glaidson never had that kind of power. He wasn’t a renowned banker or a slick economist in a designer suit. He was a guy from Cabo Frio who grew up serving tables and one day started moving money in a scheme that, to many, seemed magical. But those of us who understand the crypto market know it’s not that far-fetched when you really understand how it works. And his Venezuelan wife definitely knows her stuff.

What intrigues me most is how easily people believed in his downfall, his scams, and even his alleged involvement in murders — but also how deeply devoted some remain to defending him. It shows that in cases like this, truth is a thin line — almost like a coin spinning in the air. And whoever writes the story decides which side it lands on.

Of course, there are victims, and many people lost money. There’s no way to romanticize that. But it’s also impossible to ignore the social impact the “pharaoh” had in a region where inequality has always been painfully visible. It’s as if he understood that in a place where the State is largely absent, money — no matter where it comes from — can feel like a miracle. And those who receive the miracle will rarely want to see the sin behind it. If there even is one.

What bothers me most is realizing that, after everything, there’s still only one official version of the story. Glaidson was arrested, prosecuted, convicted — and that’s it. End of story. But no one stops to ask what this case says about Brazil itself — about easy hope and selective distrust. Because if he’d been born in another ZIP code, maybe today he’d be called a “visionary entrepreneur,” giving talks about “financial innovation” at bank-sponsored events.

History is told by the victors, yes. But sometimes, the defeated also have something important to say — it’s just that no one wants to listen. In the case of the Pharaoh of Bitcoins, I’m left with this uneasy feeling that we may never know the whole truth. Only the version they wanted us to hear.

And that’s why I keep believing that, more than rereading history, we need to relearn it — to question who writes it, who benefits from it, and who was silenced along the way.


All the content, pics and editions are of my authorship.
Written in PT-BR. Translated to EN-US using ChatGPT.
Cover: created by Gemini.


darling.png


[PT]

“História é contada pelos vencedores.” Essa frase me persegue desde a primeira vez que a ouvi — e quanto mais o tempo passa, mais ela faz sentido. A gente cresce acreditando em versões prontas, mastigadas e bem embaladas dos acontecimentos. É assim na política, na cultura, na economia e até na vida cotidiana. O problema é que, quando só um lado tem voz, o outro desaparece. E o que sobra é uma história enviesada, muitas vezes manipulada. Quando penso nisso, um caso recente me vem à cabeça: o do chamado Faraó dos Bitcoins, Glaidson Acácio dos Santos.

Não estou aqui para defender ninguém, mas também não consigo ignorar como as narrativas são construídas e moldadas de acordo com quem tem o poder de contá-las. O caso de Glaidson é um exemplo quase didático disso. De ex-garçom a “rei das criptomoedas” da Região dos Lagos, ele virou manchete nacional em 2021, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos. É um caso que eu cubro jornalisticamente há mais de 4 anos. Tenho minha opinião pessoal sobre e é isso que vou falar aqui hoje.

O noticiário — e aqui, me incluo como jornalista, baseada em fontes oficiais — foi unânime em rotulá-lo como um golpista que enganou milhares de pessoas e movimentou bilhões de reais em um esquema fraudulento envolvendo o mercado cripto no Brasil. E, sim, há provas, denúncias e processos. Mas, entre os bastidores e as versões oficiais, há um espaço que quase ninguém quer olhar: o da percepção popular — e aqui, me incluo como a Letycia, jornalista sim, mas com opinião própria.

Porque, enquanto a mídia o demonizava, muita gente em Cabo Frio e nas cidades vizinhas continuava o tratando como um benfeitor. E não era por ingenuidade. O homem bancava doações, patrocinava igrejas, distribuía cestas básicas e até ajudou muitos moradores a comprar casas. Não foi uma ou duas pessoas que disseram isso — foram centenas. É claro que isso não apaga o que ele possa ter feito de errado, mas mostra algo que raramente aparece nas manchetes: o quanto as histórias, quando contadas de fora, perdem nuances.

Quando comecei a observar o caso com mais atenção, percebi que o discurso midiático seguiu o roteiro clássico de um vilão pronto. Eu tive que seguir esse roteiro, inclusive. Ele era o “faraó”, o “golpista”, o “enganador das massas”. Nenhuma dessas palavras é neutra — todas carregam julgamento, e o julgamento vem antes do entendimento. É curioso porque, em paralelo, o mercado financeiro tradicional, com suas pirâmides disfarçadas de investimentos “seguros”, raramente recebe o mesmo tipo de ataque. Bancos quebram, corretoras falham, investidores perdem tudo… mas a narrativa é sempre mais branda.

Isso me faz pensar que o “vencedor” da história moderna talvez não seja mais o general ou o político, mas quem detém o poder de moldar a opinião pública — e nisso, a mídia e o sistema financeiro caminham lado a lado. Glaidson nunca teve esse poder. Ele não era um banqueiro renomado, nem um economista de terno caro. Era um cara que cresceu em Cabo Frio, servindo mesas, e que um dia começou a movimentar dinheiro num esquema que, para muitos, parecia mágico. Mas a gente aqui sabe como funciona o mercado cripto e sabe que não é tão irreal assim quando se entende bem das coisas. E a esposa dele, venezuelana, sabe bem das coisas.

O que me intriga é a facilidade com que as pessoas acreditaram na sua queda, nas suas falcatruas, nos seus homicídios mandados, mas também a devoção de quem ainda o defende. Isso mostra como a verdade, em casos assim, é uma linha tênue — quase uma moeda girando no ar. E quem escreve a história decide em que lado ela vai cair.

É claro que há vítimas, e muita gente perdeu dinheiro. Não dá pra romantizar isso. Mas também não dá pra ignorar o impacto social que o “faraó” teve em uma região onde a desigualdade sempre foi bem gritante. É como se ele tivesse entendido que, num lugar onde o Estado é muito ausente, o dinheiro — mesmo vindo de onde vier — pode virar milagre. E quem recebe o milagre, dificilmente vai querer enxergar o pecado por trás dele. Se é que há um.

Talvez o que mais me incomode seja perceber como, depois de tudo, a história oficial ainda é uma só. O Glaidson foi preso, processado, condenado — e ponto. Fim de linha. Mas ninguém se pergunta o que essa história diz sobre o Brasil, sobre a esperança fácil e a desconfiança seletiva. Porque, se ele tivesse nascido em outro CEP, talvez hoje fosse chamado de “empreendedor visionário” e estivesse palestrando sobre “inovação financeira” em eventos patrocinados por bancos.

A história é contada pelos vencedores, sim. Mas, às vezes, os vencidos também tem algo importante a dizer — só que ninguém está disposto a ouvir. No caso do Faraó dos Bitcoins, eu fico com essa sensação incômoda de que talvez nunca saberemos toda a verdade. Só o que quiseram nos contar.

E é por isso que eu sigo acreditando que, mais do que reler a história, a gente precisa reaprendê-la. Questionar quem a escreve, quem se beneficia dela e quem foi silenciado no caminho.


Todo o conteúdo, imagens e edições são de minha autoria.
Escrito em PT-BR. Traduzido para EN-US usando o ChatGPT.
Capa: criada com Gemini.

darling.png

Sort:  

This post was curated by @hive-br team!

banner_hiver_br_01.png

Delegate your HP to the hive-br.voter account and earn Hive daily!

🔹 Follow our Curation Trail and don't miss voting! 🔹

Obrigado por promover a comunidade Hive-BR em suas postagens.

Vamos seguir fortalecendo a Hive

Metade das recompensas dessa resposta serão destinadas ao autor do post.

Vote no @perfilbrasil para Testemunha Hive.

 yesterday  

Isso me faz pensar que o “vencedor” da história moderna talvez não seja mais o general ou o político, mas quem detém o poder de moldar a opinião pública.

Quando estava fazendo o texto pensei nisso. Ao falarmos do lado esquecido nos tempos atuais nao tem mais relacao com o general ou politico do lado vencedor e sim a midia. Por isso é bastante prudente sempre olhar o outro lado da historia antes de tomar conclusoes com base em noticias.

 yesterday  

Sim, mas por trás da mídia, sempre tem o genreal ou político com grana pra comprar o veículo de 'informação' kkkk

Your post has been curated from the @pandex curation project. Click on the banner below to visit our official website and learn more about Panda-X. Banner Text

 23 hours ago  

Realmente esse é um lado dele que eu não sabia, so sabia o que via nos jornais sobre ele ser o faraó e golpista e tal, mas nao sabia que ele tinha feito caridades e boas ações.

Eu também acho que toda história tem 2 lados, pelo menos 2 versões e assim devemos ouvir ambas e aí sim ver o que pensamos ou julgamos. Têm o ditado que diz que "todo vilão é o herói de sua própria história" então tudo é uma questão de perspectiva sobre o que realmente aconteceu.