Pela janela da minha mesa,
Do pouco que posso ver
Menos ainda posso dizer.
A não ser da vela acesa
Que ao meu lado se deforma,
E de si a cera entorna
Escorrendo pela mesa.
Do lado de fora,
Quase nada vejo agora.
A não ser coisa posta,
Milharal, cerca torta.
E o que tem pra lá...
Céu escarlate,
Abacate, maracujá.
Tem passarinho que canta,
Que voa, que faz manha,
Tem planta e tem montanha,
Na montanha a floresta.
Mas só tem o que inda resta
Do todo que se desmata,
Um pouco que pouco presta,
O pouco que não se mata.
Pela janela da minha mesa
Agora não vejo nada,
A janela está fechada.
Então ela se abre,
E do pouco que posso ver
Menos ainda posso dizer.
Só vejo coisas de ninguém
E quando olho pro céu,
Algo como um véu,
Não me deixa ver além.
Além disto que é conhecido
Me pergunto; o que é que tem?
Um dia quem sabe verei.
Agora não vejo nada,
E do pouco que posso ver,
Menos ainda posso dizer.
1991
Poema escrito por mim no Sana em 1991, Foto por Peter Canellov.
Data da Atividade: 13/04/2023
Contagem da atividade: 10114
Tipo de atividade: caminhada
This report was published via Actifit app (Android | iOS). Check out the original version here on actifit.io
Congratulations @canellov! You have completed the following achievement on the Hive blockchain And have been rewarded with New badge(s)
Your next target is to reach 10000 upvotes.
You can view your badges on your board and compare yourself to others in the Ranking
If you no longer want to receive notifications, reply to this comment with the word
STOP
Check out our last posts:
Support the HiveBuzz project. Vote for our proposal!
Obrigado por promover a Língua Portuguesa em suas postagens.
Vamos seguir fortalecendo a comunidade lusófona dentro da Hive.