Ontem pela manhã o Brasil se deparou com a notícia do sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói, onde o sequestrador de 20 anos fez 39 pessoas de reféns. Não entrarei em detalhes acerca da notícia pois isso já foi vinculado amplamente em rede nacional.
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Também não entrarei em questões éticas relacionadas à ação da PM, mesmo não concordando com a retirada da vida de um ser humano, também entendo que este colocava a vida de tantos outros em risco e, não possuo méritos técnicos para dizer se foi certo ou errado. De todo o ocorrido, três coisas me chamaram a atenção.
A primeira foi a transmissão ao vivo de diversas emissoras de TV que mostraram claramente a morte de um ser humano em rede nacional, algo que é desnecessário e já joga mais combustível nessa fogueira que é a guerra da segurança pública, ou seja, claramente a intenção da mídia é manipular a opinião da população.
Em segundo lugar, a comemoração da morte do sequestrador por parte da população que assistia tudo ali na ponte. Mas quero acreditar e espero que a maioria ali tenha comemorado o final do sequestro e não a morte de um ser humano, já que foi tudo rápido, acredito que a maioria não entendeu exatamente o que aconteceu.
Por último e talvez a situação mais sórdida de todas, a comemoração com viés futebolístico do governador ao descer do helicóptero, juro que quando vi aquela cena imaginei que ele havia marcado um gol que deu o título ao seu clube. Sinceramente, aquilo não é a atitude “ética” que se espera de um governador de um estado do porte do Rio de Janeiro, aquilo é atitude de torcedor, ou no caso, uma atitude infantiloide de um boçal. E ainda ousa dizer que comemorou a vida e não a morte… ahã, sei.
Tudo o que está acontecendo atualmente é apenas a demonstração empírica do declínio de nossa sociedade. Certo, sei que muitos criminosos matam suas vítimas desnecessariamente, acredito que nenhuma vida deve ser retirada por outros. Mas muitas vezes, pessoas não entendem os fatores por detrás da criminalidade.
Existem diversos motivos que podem levar um cidadão comum a cometer um crime, pode ser por dificuldades econômicas, dificuldade de convívio social e até problemas psicológicos entre outros tantos. O maior problema é, uma pessoa que se diz psicologicamente estável (o governador) comemorar a morte de qualquer ser humano que seja, e não apenas ele, mas uma leva gigantesca de pessoas que comemoraram a morte nos portais de notícias.
Sendo que, muitas vezes esses problemas são causados justamente pelo próprio Estado, ou seja, a falta de emprego por políticas econômicas falhas, a falta de assistência tanto para extrema pobreza quanto psicológica, enfim, entramos em um paradoxo, o Estado te restringe de diversas formas, o indivíduo se levanta contra ele ou contra a sociedade e, o Estado vem e te extermina, melhor dizendo, o Estado causa o problema e para resolver mata a população.
Por fim a última reflexão que me resta, ontem não morreu apenas um bandido, morreu um pouco mais do que ainda nos resta de seres humanos sociáveis, pois quando morre um de forma brutal, seja ele quem for, morre um pouco de todos nós.
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