A tecnologia base das criptomoedas surgiu há cerca de dez anos (estamos em julho de 2018) com o lançamento do whitepaper do Bitcoin. Nos primeiros anos o assunto foi bastante nebuloso, mesmo para pessoas ligadas às áreas de tecnologia, especialmente programação e análise de sistemas.
O tempo passou e o assunto chegou ao grande público por meio dos veículos de comunicação tradicionais e também via redes sociais, sites e blogs. Isso ocorreu entre o segundo semestre de 2017 e janeiro a fevereiro de 2018. Depois disso o assunto sumiu dos principais jornais do pais e só é vista algumas matéria quando o assunto “Bitcoin” está relacionado com práticas criminosas. Não são abordados seus aspectos positivos, a evolução da tecnologia e nem mesmo sua expansão por meio de novos produtos e serviços que têm sido lançados quase que diariamente. Isso é um sinal de consolidação. Outro sinal dessa tendência é o recente interesse de grandes conglomerados pelo mercado de criptoativos. Isso pode ser constatado pela compra de startups focadas em blockchain, como foi o caso da aquisição da Exchange Poloniex pela Circle , uma empresa que recebe investimentos diretamente do Goldman Sachs. Outro exemplo é a compra de parte da BitArg pelo Yahoo Japão , entre outros casos de menor destaque e certamente outros que mesmo são divulgados.
Mas apesar de toda essa movimentação, algumas perguntas permanecem não respondidas, especialmente o papel dos governos em toda essa questão e como as empresas do tradicional mercado financeiro vão encarar a descentralização.
Com relação aos governos há muitos discursos inflados criticando o Bitcoin, mas é interessante observar que as pessoas que criticam não conhecem os pormenores da tecnologia. As críticas, nesse caso, parecem ter como único objetivo impedir o crescimento de um método de troca de valores que não tem um governo ou autoridade central como controlador.
Após a reunião do G20 na Argentina em 2018, os governos mudaram um pouco o tom e passaram a admitir uma discussão mais aberta sobre criptomoedas e suas tecnologias. Alguns governos fora do G20 passaram a ser oferecer como porta de entrada para empresas interessadas nesse mercado, mas essas pretensões esbarram no desinteresse dos bancos por algo que pode impactar fortemente em seus lucros.
Paralelamente a esses acontecimentos, é possível perceber que neste momento tanto bancos quanto governos afirmam estar desenvolvendo estudos sobre a aplicação do Blockchain em suas atividades financeiras. Há também startups (Vechain, por exemplo) buscando desenvolver alternativas que não sejam tão descentralizadas como o Bitcoin, o que agradaria as empresas que se mostram incomodas pela impossibilidade de exercer controle sobre a blockchain e os aplicativos derivados dela.
Qual será o futuro das criptomoedas?
O grande público não tem muito conhecimento sobre Bitcoin, blockchain e tudo mais que se relacione com o universo crypto, e talvez nem queira ter. As pessoas preferem deixar a complexidade de um produto ou serviço para seus patrocinadores, enquanto usufrui dos benefícios sem mais preocupações.
Sabendo disso, algumas empresas estão começando a lançar produtos mais simplificados, alguns focados em investimento e outros em pagamento (ou as duas coisas combinadas). Isso poderia permitir que o Bitcoin e outras criptomoedas cheguem de vez ao mercado consumidor e passem a ser usadas no cotidiano. Mas apesar disso, ainda há uma questão que gera dúvida: validação descentralizada de transações.
Como garantir que as transações sejam realizadas de forma rápida e em qualquer dia e hora? Como garantir a segurança das operações? Como garantir que uma plataforma tenha continuidade, mesmo após a desistência dos desenvolvedores?
Já existem protocolos para lidar com cada uma dessas situações, mas o problema é convencer o público sobre a validade e segurança dessas propostas. Conquistar o mercado consumidir deve ser o próximo passo a ser dado pelas startups dessa tecnologia tão disruptiva.