Um conto espacial (Parte 15)

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-PARTE 15-

27 de Fevereiro
Idrissa e Daniel trabalham no laboratório.

"Nunca pensei ter dificuldades em concentrar-me a fazer o que gosto e ainda por cima na Estação Espacial." - Diz Idrissa.

"É verdade" - reage prontamente Daniel - "Nos primeiros dias até podia haver dificuldade de concentração mas era pela excitação normal de estar aqui. Agora é mesmo por já não sentir que o trabalho está no topo das prioridades."

Idrissa: "Eu sinto-me mais ansioso por não saber se é ou não para voltar. Gosto de ter tudo planeado e custa-me trabalhar assim."

No módulo vizinho estão Arwa, Kenna e Richard que debatem sobre o trabalho que deve ser feito e o que deve ser posto de parte. Algumas tarefas estão longe da conclusão e, de acordo com os critérios em vigor, são imediatamente abandonadas. Destas, algumas perdem-se, outras são suspensas para posterior conclusão e duas ou três podem considerar-se concluídas prematuramente.

Kenna: "Nada do que eu estou a fazer pode ser retomado mais tarde se for suspenso agora. Vou ficar a trabalhar num projecto como se nada se passasse e no caso de ficarmos cá levarei o trabalho até ao fim. Os outros 3 vou dar por encerrados, salvar as simulações e assumir que os dados são preliminares e não conclusivos."

"Estou mais ou menos como tu." - diz Richard

Arwa: "Eu posso adiar tudo e não me servem dados preliminares mas preciso de ambientes capazes de simular gravidades variadas. Ou seja, se eu for embora isto fica cá para ser feito por quem ficar. Ou quem vier a seguir..."

Richard: "O inconveniente é que tu és a única que sabe mesmo disso. Nós podemos manipular e configurar os aparelhos mas nenhum de nós é especialista na área."

"Então se me mandarem voltar para a Terra, vão ter de me enviar para cá novamente!" - diz Arwa, piscando o olho.

Kenna: "Bom truque. Tornas-te insubstituível e já ninguém te tira daqui desta boa vida."


Entretanto na horta

"Bogdan, traz as cápsulas do arroz, por favor." - pede Ying Yue.

"Ok, vou já. Deixa-me só terminar aqui." - respondeu Bogdan.

YY: "E a horta é trabalho essencial ou não? Se formos embora não é. Se ficarmos... não é super essencial mas dá um jeitão."

Bogdan: "Eu duvido que nos chamem a todos. Acho que vão respeitar a tradição e manter uma tripulação mínima."

YY: "Se assim for justifica-se manter a horta."

Bogdan: "Sim, mas imagino que esteja longe das prioridades ter estas culturas todas com a manutenção associada. Vamos fazer o mínimo e preparar tudo como se fossemos embora amanhã. Vamos deixar tudo catalogado e arrumado para quem cá ficar ou para quem cá chegar depois."


imagem: pixabay.com